quinta-feira, 8 de maio de 2008

A sociedade pelo ponto de vista filosófico


Consumismo desenfreando

A sociedade contemporânea é marcada por um expressivo crescimento no poder de compras resultante da dominação dos meios de divulgação comercial sobre o consumidor. O consumismo trata-se, antes de mais nada, de uma compulsão em que o indivíduo compra de forma ilimitada e sem necessidade bens, mercadorias e/ou serviços. Os apelos do sistema capitalista interferem profundamente na conduta da sociedade com relação à aquisição de ordem material. Com o advento da Revolução Industrial, o aumento da produção de mercadorias que atendessem às mais diversas necessidades propiciou ao homem a obtenção de produtos que não foram por ele elaborados.
Inconsciente de suas reais necessidades, o consumista atua muitas vezes movido por distúrbios emocionais e psicológicos, de modo a compensar suas angútias nas compras supérfluas, agindo de forma impulsiva e, na maioria das vezes, crescente. As causas que levam um indivíduo a esse estado partem desde uma auto-estima deficiente até uma necessidade de enquadramento sócio-econômico imposto pela sociedade.
Obviamente, os rumos que o consumismo tem tomado em escala mundial não podem ser considerados unicamente como patologias. Seria uma epidemia transmitida pelo maior império de consumo e que dita os estilos de vida do planeta: os Estados Unidos. Segundo o professor americano, Thomas Skidmore, historiador que leciona na Brown University, ''os Estados Unidos têm o poder da força, pois são os detentores do maior arsenal do planeta, já que são os mais ricos e prósperos, e, para completar, ainda têm os artistas de Hollywood, que convecem a humanidadede que seu estilo de vida é o que há de mais sensacional''. O cinema americano, por exemplo, canta as glórias do consumo com uma impudência desconhecida em qualquer outro lugar. O retrato idealizado nos filmes da sociedade americana em que sobressaem valores expressos na maioria das vezes por meio de uma ''família de classe média que apesar das dificuldades sabe contorná-las muito bem, mantendo seu padrão de vida''. Ou seja, o retrato de todas as aspirações da humanidade que até hoje ninguém desfruta plenamente em parte alguma do planeta. Desde a decolagem da globalização econômica e cultural, o que não faltam são interessados em comprar a qualquer preço esses padrões de vida materializados.

Mas com tantos motivos, o consumismo está longe de ser movido unicamente pela preponderância norte-americana. A sociedade atual, querendo ou não, já se adaptou ao consumo supérfluo. Quem nunca parou para contar todas as coisas que tem em casa e que não usa há anos? Inclusive as crianças já entratam nesse ritmo...Realizado em junho de 2007 pela TNS, empresa britânica de pesquisas customizadas, um levantamento concluiu que as crianças de 7 a 9 anos já têm a noção de caro/barato e que planejam, negociam e utilizam o dinheiro para comprar roupas de grife, MP3, celulares e jogos. Elas sabem do impacto das marcas e também conhecem e se interessam por mercadorias destinadas aos adultos.
A mídia, como de costume, tem deixado de ser apenas um meio de divulgação das empresas que tentam convecer seus consumidores de forma inconsciente a comprar seus produtos. Ela mantém contida unicamente em si os meios de persuasão que levam a crer que o consumo impensável é a melhor maneira de alcançar a plenitude em meio a vida social. Ter o corpo perfeito da mocinha da novela, uma casa arrumadinha e até com lustres em um bairro periférico ou crianças desse mesmo bairro que nunca repetem roupas. Tudo isso parece ser possível e é, inclusive, muito bonito... na televisão.
O consumismo, além de tudo, sustenta o fetiche de um indíviduo que nem sempre busca posição social favorável, o famoso status. Ou seja, consome de forma demasiada unicamente para satisfação própria, independentemente dos padrões sociais. Coleção de discos, óculos e miniaturas são exemplos de fetiches que, apesar de representarem superfluicidade, expressam, até certo ponto, marcas individuais. Além do mais é natural de todos nós no sistema em que nos adaptamos exagerar um pouco em certos momentos, uma vez que há muito não vivemos mais em uma economia de subsistência. Todos, sem exceção, trabalham não apenas para pagar as contas, mas também para que ''sobre um pouquinho no fim do mês''. No entanto, levar todos os meses do shopping, verdadeiros templos do consumo, para casa sacolas cheias de roupas, por exemplo, não pode ser considerada uma atitude natural.

''Tell me what's wrong with society [''Me diga o que há de errado com a sociedade]
When everywhere I look I see [Quando todo lugar que olho eu vejo]
Young girls dying to be on TV [Garotas jovens morrendo para estarem na TV ]
They won't stop 'til they've reached their dreams [Elas não pararão até elas alcançarem seus sonhos]

Diet pills, surgery [Pílulas dietéticas, cirurgias]
Photoshoped pictures in magazines [Fotos ''photoshopadas'' nas revistas]
Telling them how they should be [Dizendo a elas como deveriam ser]
It doesn't make sense to me'' [Isso não faz sentido para mim'']
Crazy, Simple Plan

Mas, afinal, quem pode ditar o que é ou deixa de ser o consumismo? Quem tem moral suficiente para determinar a todos o que é o consumo desnecessário? A definição do consumismo é dada a partir um senso comum diante do apocalipse de compras crescente em quase todo o mundo. O que se sabe é que ao mesmo tempo que a fome e a pobreza assolam populações, há aqueles que, por incrível que pareça, se perguntam qual é a melhor marca a vestir. O acúmulo cada vez maior de supérfulos conduz nossa sociedade à supervalorização dos valores de ordem material em detrimento dos valores espirituais e éticos. O sistema capitalista gerou na sociedade a ilusória concepção de que o consumo sem limites é sinônimo de civilização. As relações sociais se desvalorizam, uma vez que somos expostos a uma medição que leva em conta o poder aquisitivo e social. Aqueles que não se adaptam a esse sistema, apesar de serem considerados ''caretas ou fora de sintonia com o mundo'', são os que, ao contrário de todos, alcançam a liberdade por meio do desapego material e da conduta não sujeita ao domínio da massa.

''Leave it behind [''Deixe para trás]
You've got to leave it behind [Você tem que deixar isso para trás]
All that you fashion [Tudo aquilo você forma]
All that you make [Tudo aquilo que você faz]
All that you build [Tudo aquilo que você constrói]
All of that you break [Tudo aquilo você destrói]
All that you measure [Tudo aquilo que você mede]
All that you steal [Tudo aquilo que você rouba]
All this you can leave behind [Tudo isso você pode deixar para trás ]
All that you reason [Tudo aquilo você raciocina ]
All that you sense [Tudo aquilo você sente]
All that you speak [Tudo aquilo que você fala]
All you dress up [Tudo aquilo você veste]
All that you scheme...'' [Tudo aquilo você planeja...'']
Walk On, U2

Alienação: ideologia de contenção do poder

Por alienação entende-se a noção de que nossas próprias potencialidades enquanto seres humanos são realizadas ou assumidas por outras entidades. O termo foi utilizado por Marx, primeiramente, para indicar a projeção de poderes humanos nos deuses. Posteriormente, ele o empregou para referir-se à perda de controle do trabalhador sobre a natureza e o produto do seu trabalho.

(GIDDENS, Anthony. Sociology.
Londres, Polity Press, 1994.

Historicamente, o termo alienação foi empregado pela primeira vez após a Revolução Industrial ocorrida no século XIII. Com a divisão do trabalho no setor industrial, o operário deixou de controlar o processo produtivo por completo, especializando em uma determinada tarefa. As linhas de montagem advindas do Fordismo são o mais expresso exemplo da alienação do trabalho.
Assim como um operário em uma indústria que desempenha tarefas que, muitas vezes, nem ao menos sabe qual a finalidade, um indivíduo na sociedade contrói opniões e mantém uma conduta alheia a sua personalidade. O conceito de alienação da personalidade define-se a partir da idéia de que uma pessoa pode ter suas atitudes e idéais interferidas por outrem ou por uma entidade interessadas em manipular sua opnião. Ou ainda, por uma evasão ou compreensão imperfeita da realidade. Os processos alienates, atualmente, são tratados através de questões político-sociais e, inclusive, econômicas em que o ser ou instituição alienante faz uso do poder argumentativo, expressando modelos e pensamentos convicentes.
A mídia e algumas instituições religiosas são os mais claros e comumentes exemplos de meios de transmissão da realidade distorcida ou de falsos padrões a favor de seus ideais.

''Ô cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe!''

Televisão, Titãs

A partir da concepção do filósofo alemão Karl Marx, o conceito de alienação é fruto do processo da divisão do trabalho decorrente do sistema capitalista. No entanto, a alienação é muitas vezes entendida como uma questão moral, podendo ser superada pelo esforço dos próprios indivíduos em alcançar a emancipação ideológica ou cultural. Por esse motivo, o conhecimento e a educação são um dos principais meios pelos quais os indivíduos tornam-se libertos da imposição ideológica de uma pessoa ou entidade alienadora.
Na maior parte das vezes que acompanhamos um programa de televisão ou um simples noticiário estamos sujeitos à tranferência de nossa consciência crítica perante a sociedade aos ideais da mídia que pretende fazer com que absorvemos apenas o que é de seu interesse. A partir do momento que assimilamos esses ideais sem nem ao menos contestá-los tornamos-nos sujeitos alienados, incapazes de refletir sobre o que é ou não é bom para nós.

Ética: o conceito dado ao bom senso

A ética está relacionada aos valores que determinam o que é bom para um individuo pessoalmente e para a sociedade como um todo. Instruir esse mesmo indivíduo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento da pessoa com a sociedade. A ética estabele-se a partir de um conjunto de normas, princípios, costumes e valores que norteiam o comportamento do indivíduo socialmente. As leis, por exemplo, têm princípios éticos, uma vez que é preciso determinar o que realmente pode ser considerado essencial para a boa convivência e aqueles que não seguem essas regras são encaminhados à punição. Já no trabalho, existe a ética profissional que baseia-se em normas obrigatórias e incorporadas à lei.
A ética pode ser interpretada como um termo que designa aquilo que é freqüentemente descrito como a "ciência da moralidade". Este significado ,derivado do grego, quer dizer "morada da alma", isto é, algo que é suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e mal, seja de maneira relativa a uma determinada sociedade, seja de modo absoluto.
A pergunta central da ética é "como devo agir perante à sociedade e aos indivíduos que a compõem?". Em primeiro lugar, os valores éticos variam de lugar para lugar e de acordo com a época. O que é certo em uma região em um determinado tempo nem sempre é aceito em outros espaços e tempos diferentes. No entanto, há valores que são aceitos universalmente, ou seja, aplicam-se em qualquer região.
A cultura de um país ou região também tem forte influência sobre os valores éticos estabelecidos. As experiências humanas adquiridas pelo contato social e acumuladas pelos povos através dos tempos determinam suas concepções com relação ao o que pode ser considerado um meio de estabelecer o convívio harmonosioso entre membros de uma sociedade.
Preocupar-se com o que acontece com as pessoas que nos cercam é, sem dúvida, uma maneira de praticar a ética. Nos dias de hoje, a maioria das pessoas não se preoucupa com as consequências de seus atos com relação aos outros indivíduos. A famosa expressão ''passar por cima de tudo e de todos'' representa perfeitamente aqueles que estão dispostos a tudo para alcançar um objetivo sem preocupar-se com os valores éticos vigentes. O consumismo, o grande estimulador da corrida pelo acúmulo de capital, é com certeza uma das causas pelas quias as pessoas fazem de tudo para alcançar a excelência no trabalho,por exemplo, independentemente do que isso possa causar. Por esse motivo as relações sociais enfraquecem-se e os valores morais e éticos são deixados de lado, dando lugar ao êxito individual.

''These days - the stars seem out of reach [''Nestes dias - as estrelas parecem fora de alcance]
These days - there ain't a ladder on these streets [Nestes dias - não há escadas nessas ruas]
These days - are fast, love don't last in this graceless age [Nestes dias - são rápidos, o amor não dura nesta era sem beleza]
There ain't anybody left but us these days'' [Não restou nada a não ser nós mesmos nesses dias'']

These Days, Bon Jovi

Os meios de comunicação, por sua vez, para atrair a atenção do público fazem uso de práticas anti-éticas em que determinados fatos ou situações são colocados à disposição do conhecimento de todos independentemente da aceitação de quem está envolvido nestes fatos.
O fato é que os valores éticos, apesar de serem tomados de maneiras diferentes em cada região ou época, podem ser sempre determinados por meio de um bom senso comum entre todos os membros de uma sociedade, visando uma convivência harmoniosa entre todos nós. Nós, neste caso, temos o papel de criar a consciência do que é bom não apenas individualmente, mas sim, socialmente.


Intervenção Cultural Norte-Americana

Os EUA exercem seu imperialismo sob duas modalidades: o econômico e o cultural. O imperialismo econômico procura induzir o mercado a comprar produtos americanos, mas nem sempre é bem sucedido, já que outros países os fazem melhores e mais baratos. No imperialismo cultural, contudo, eles são mais bem sucedidos. O modo de vida, os modismos, os valores americanos encontram-se amplamente disseminados por todo o mundo, inclusive pelo Brasil. Como isto é possível ?
Isso começa com a disseminação de seu modo de vida, mostrando como o modo de vida americano (American way of life ou American way) é bom.
''A melhor banda de todos os tempos de sucessos do passado
O melhor disco brasileiro de música americana''

A Melhor Banda de Todos os Tempos de Sucessos do Passado, Titãs

Isso ocorre com a grande exposição que sofremos da indústria do entretenimento americano, principalmente o cinema, que não só os brasileiros, mas boa parte do mundo sofre. Isso é passado para nós em filmes que mostram a qualidade de vida do americano médio ou rico, em uma "embalagem" atraente.
Mas a cultura americana era inicialmente virada para o consumo interno. Porém a grande expansão econômica permitiu que os americanos produzissem diversas formas de cultura desde filmes e música, até histórias em quadrinhos, jogos eletrônicos e de tabuleiro. A grande expansão econômica provocou também a "exportação" desse estilo de vida e mostrou que se as pessoas seguirem esses valores, poderão atingir o sucesso assim como aconteceu com os americanos.
Porém, nós brasileiros já estamos acostumados com essa intervenção porque ela já é antiga e vivemos no mundo ocidental, mas nos países como o oriente médio ela está em constante conflito com os valores fundamentalistas que já existiam lá há séculos. Esse é um dos motivos, além da grande intervenção econômica, que levam aos radicais atacarem tanto os norte-americanos.
Outros países que experimentaram essa grande intervenção foram alguns dos países asiáticos, como Cingapura, Malásia e cidades como Hong Kong e Pequim. Mas o que se transformou mais rápido e profundamente foi o Japão. Seu contato com os Estados Unidos na e depois da Segunda Guerra foi fundamental para isso, junto com sua grande expansão econômica, auxiliada também pelos americanos. Um exemplo disso é o beisebol que não era nem conhecido pelos japoneses, mas após o contato com os norte-americanos, se popularizou e hoje em dia é um dos esportes favoritos dos japoneses. Mas a diferença principal dos japoneses com os outros povos foi que eles aceitaram a cultura norte-americana e começaram a usá-la ao seu favor, e atualmente é uma nação rica e influente produzindo produtos melhores que os americanos.


Qualidade de vida: uma opção pessoal
É possível dizer que o fumo está ligado à qualidade de vida? Para muitos, sim, pois qualidade de vida define como a maneira que cada indivíduo escolhe para viver. Qualidade de vida é uma opção pessoal. Por esse motivo, está relacionada ao bem-estar. Além disso, a qualidade de vida é, muitas vezes, limitada pelos padrões de convivência social como por exemplo, a questão de ter uma moradia.Embora hajam alguns pensamentos principais,nem sempre é possível padronizar a qualidade de vida. Quando é padronizada, passa a ser ditada exatamente de acordo com a conduta da maioria da sociedade.Muitos fatores influenciam na qualidade de vida e os mais importantes dependem de cada um de nós, da nossa visão do ideal, da herança familiar e cultural, da fase da vida em que estamos, da nossa expectativa em relação ao futuro, das nossas possibilidades, do ambiente, da visão que temos do mundo e da vida, dos nossos relacionamentos, etc.Ao analisar de uma forma geral, a qualidade de vida é definida por cada um, mesmo que hajam algumas "condições básicas" devido aos padrões sociais. Além disso, a qualidade de vida de um ser humano pode ser compreendida se forem consideradas todas as suas dimensões, como por exemplo, a vida no trabalho, a vida familiar e a vida em meio à sociedade.Nos dias atuais, o consumismo tem se tornado um dos meios pelos quais as pessoas procuram encontrar formas de alcançar uma qualidade de vida adequada aos seus padrões. No entanto, não são todos os indivíduos que estão preocupados em obter uma vida estável e agradável por meio do consumo desenfreado.
O sucesso pessoal, seja no campo do trabalho ou familiar, está, na maioria das vezes, ligado à satisfação plena de um indíviduo. Alcançar tal plenitude nem sempre depende do sucesso ou de um status social, mas sim de uma satisfação com o que se tem até o momento, isto é, das coisas que não são ambicionadas.

''It's a beautiful day [''Está um lindo dia]
Sky falls, you feel like [O céu desaba, você sente como se fosse]
It's a beautiful day [Um lindo dia]
Don't let it get away'' [Não deixe-o escapar'']

''What you don't have you don't need it now [''O que você não tem, você não precisa agora]
What you don't know you can feel it somehow [O que você não sabe, você pode sentir de algum modo]
What you don't have you don't need it now [O que você não tem, você não precisa agora]
Don't need it now [Não precisa agora]
Was a beautiful day'' [Estava um lindo dia'']

Beautiful Day, U2

A qualidade de vida é extremamente relativa, uma vez que aqulilo que é considerado primordial para a sobrivência de um indvíduo em determinado local ou época não vale para outro que vive em um espaço e época diferentes.